Há
400 Anos . .
A Invenção
do Telescópio
Prof.
Renato Las Casas (02/02/09)
Lentes, principalmente com a finalidade de ajudar idosos em suas
leituras e pequenos afazeres, já eram conhecidas na Europa desde
o século XIII. Difícil entender como que o telescópio, uma
simples combinação de duas lentes, demorou tanto para ser
inventado, o que só veio acontecer no século XVII.
Quem inventou o telescópio? Três nomes disputam essa glória:
Galileo Galilei (cientista); Hans Lipperhey (óptico) e Sacharias
Janssen (produtor de espetáculos).
Com toda certeza Galileo não foi o verdadeiro inventor; nem foi
o primeiro a apontar esse instrumento para os astros. O que
Galileo fez foi, em 1609, construir telescópios muito melhores
do que os que até então existiam; com capacidades suficientes
para ver detalhes dos astros incapazes de serem vistos pelos
demais aparelhos, já conhecidos em grande parte da Europa. O que
Galileo viu, com os telescópios construídos por ele, confirmou a
teoria heliocêntrica.
Em
outubro de 1608 autoridades holandesas já haviam negado o pedido
de patente apresentado por Hans Lipperhey, de um invento que se
prestava à “observação de coisas distantes”. A negativa foi
justificada pela simplicidade do aparelho, que consistia apenas
de luas lentes, tornando-se assim impossível manter o controle
de sua fabricação. Essa decisão pode ter sido influenciada pelo
pedido idêntico que um certo Jacob Metius Adriaanzoon, produtor
de espetáculos no norte da Holanda, também haveria feito à mesma
corte, pouco depois de Hans Lipperhev. Em seus primórdios o
telescópio era visto como um “brinquedo” que se prestava muito
bem à melhor visualização de óperas e demais espetáculos.
Em
1655 é publicado o livro intitulado “O Verdadeiro inventor do
Telescópio” onde Pierre Borel (físico de Louis XIV, Rei da
França), o autor, apresenta argumentos que apontam Sacharias
Janssen como o verdadeiro inventor desse instrumento.

Em
abril de 1609 pequenos telescópios que ofereciam aumentos de
três ou quatro vezes já eram comercializados em Paris e
possivelmente em Londres. O sucesso desses instrumentos era tão
grande que em julho daquele ano eles já eram encontrados à venda
em praticamente toda grande cidade européia.
Em
5 de agosto, Tomas Harriot, astrônomo e matemático inglês,
realizou a primeira observação celeste com telescópio, que temos
notícia. Harriot observou a Lua com um aumento de seis vezes. A
má qualidade do instrumento usado por Harriot se expressa no
esboço da superfície lunar feito por ele nessa ocasião.
Galileo construiu seu primeiro telescópio, com aumento de três
vezes, durante os meses de julho e agosto daquele ano. Era um
telescópio equivalente aos já encontrados à venda. Imediatamente
após a conclusão desse instrumento Galileo deu inicio à
construção de um aparelho “bem melhorado”. No dia 21 de agosto,
na torre de São Marco em Veneza, Galileo apresentou, com grande
sucesso, seu telescópio de oito vezes de aumento às autoridades
locais, destacando a importância daquele invento para a defesa
da cidade.
O
terceiro telescópio feito por Galileo apresentava aumento de
vinte vezes e ficou pronto em novembro. Foi com esse instrumento
que Galileo realizou as suas célebres observações no final de
1609 e durante 1610.
Observações
Galileo descobriu as crateras e montanhas da Lua em novembro de
1609. Na noite de 30 de novembro, pela primeira vez, registrou
no papel dois esboços da irregular superfície lunar. Durante
dezembro Galileo acrescentou quatro novas imagens a essa folha.
Para muitos a principal contribuição de Galileo para a ciência
foi a descoberta das quatro luas mais brilhantes de Júpiter. (Em
minha opinião, a maior de todas as contribuições científicas de
Galileo foi o desenvolvimento do conceito da inércia.) A
primeira vez que Galileo viu esses objetos foi na noite de 7 de
janeiro de 1610. Nessa data ele viu três pequenas “estrelas”
enfileiradas próximas a Júpiter, que lhe chamaram a atenção. Na
noite seguinte Galileo observou que essas “estrelas” haviam se
movido, umas em relação às outras. Galileo continuou observando
Júpiter e essas estranhas “estrelas”, noite após noite. Na noite
do dia 13, Galileo conseguiu visualizar uma quarta “estrela” na
mesma linha das três demais. Na noite do dia 15 ficou claro para
Galileo: esses quatro objetos nunca se afastavam de Júpiter e
constantemente alteravam suas posições uns em relação aos outros
e em relação a Júpiter. Daí foi fácil concluir: esses quatro
objetos não eram estrelas, mas sim satélites de Júpiter. De
todas as descobertas de Galileo, essa foi a que mais pesou para
o reconhecimento da teoria heliocêntrica.
Em
fevereiro Galileo observou “campos estelares”. Para onde
apontasse seu telescópio surgiam “novas” estrelas, invisíveis à
vista desarmada. Galileo decidiu demonstrar o grande numero de
estrelas que existiam e não eram vistas a olho nu, através de
diagramas de suas descobertas em duas regiões bem conhecidas do
céu: Orion e Plêiades. Nesses diagramas as estrelas vistas a
olho nu eram identificadas em tamanho maior que as demais e com
a forma de estrela de seis pontas. Para Galileo as nebulosas e a
própria Via Láctea nada mais eram do que aglomerados de inúmeras
dessas pequenas estrelas.
Em
julho Galileo voltou seu telescópio para Saturno. O que viu lhe
deixou confuso. Saturno parecia ter saliências laterais, como se
fossem orelhas! Seria um corpo tríplice, com o maior no centro e
outros dois menores, um de cada lado, quase encostando no maior?
Do
início de outubro a fins de dezembro Galileu observou Vênus,
descobrindo suas mudanças de fase e de tamanho angular. Em 30 de
dezembro em cartas semelhantes endereçadas a seu ex-aluno
Benedetto Castelli e a Christopher Clavius (Astrônomo e Jesuíta
alemão; possivelmente o astrônomo mais respeitado na Europa
naqueles tempos.) Galileo descreve suas observações desse astro
e conclui: As observações de Vênus também atestam a teoria
heliocêntrica.

Os Telescópios do Galileo
Os
primeiros telescópios, incluindo os fabricados por Galileo,
tinham lente objetiva (a que fica voltada para o objeto
observado) convergente e lente ocular (a que fica voltada para o
olho do observador) divergente. Em 1611, Johann Kepler
demonstrou as vantagens de se ter a lente ocular também
convergente (telescópios com oculares divergentes têm pequenos
campos de visão que diminuem drasticamente com o aumento da
imagem obtida; etc.).
Galileo construiu dezenas de telescópios ao longo de sua vida.
Entre 1610 e 1640 ele fabricou telescópios para venda,
procurando completar seu salário de professor universitário (que
naquela época já não era grandes coisas). Galileo manteve-se
sempre fiel às oculares divergentes.

A
ONU proclamou 2009 o “Ano Internacional da Astronomia”, em
comemoração aos 400 anos das grandes descobertas astronômicas de
Galileo.
Leia o “Assunto Passado”: 2009 - Ano
Internacional da Astronomia
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